terça-feira, 27 de julho de 2010

Vento só

No anoitecer de fim de ano, entre Vênus e eu, havia uma aranha dançando no espaço.
A cada forte vento que soprava, a piedosa aranha balançava loucamente com sua teia invisível entre as cordas do meu varal.
Se fosse humana talvez ela pensasse " que porra de vento, não me deixa trabalhar, não me deixa descansar, não me deixa isso, não me deixa aquilo".
Mas ela não lutava contra o vento...ela se deixava balançar com tudo, e eu sabia que ela poderia ficar ali , noites, dias, baktuns, sei lá, balançando verticalmente e horizontalmente enquanto houvesse vento.
É o velho "deixar fluir".
A aranha estava em "casa" mesmo, com vento ou sem vento, com fim de ano ou sem fim, com Vênus ou sem Vênus, com varal ou sem varal...não importa. Só o balanço do aqui e agora...